Etapas de projeto – Precisamos de tantas?

O projeto está em andamento, e já chegou à etapa de Anteprojeto. O cliente então pergunta: Porque não iniciar a concorrência para contratação da construtora?

Sexta, 25 de novembro de 2016


Frequentemente me deparo com a seguinte dificuldade:

  • O projeto está em andamento, e já chegou à etapa de Anteprojeto.
  • A arquitetura já está definida, e o projeto já tem pré-dimensionamento estrutural e definição inicial das instalações.

O cliente então pergunta: por que não iniciar a concorrência para contratação da construtora?

Para responder a esta pergunta, precisamos entender o que são e qual a finalidade de cada etapa do projeto.

Usualmente um projeto é composto por cinco etapas:

1 - Estudo preliminar: É o primeiro esboço do projeto, e tem por objetivo avaliar, junto com o cliente, se as soluções propostas atendem às necessidades do empreendimento. Normalmente o estudo preliminar contém uma implantação, algumas plantas esquemáticas e eventualmente um esboço em três dimensões. O estudo passa pelas adequações e revisões necessárias, até a aprovação pelo cliente.

2 - Anteprojeto: É uma evolução do estudo preliminar, e contém mais informações. O anteprojeto tem por objetivo desenvolver o projeto até que ele satisfaça plenamente os requisitos e especificações do empreendimento. Ele é composto por plantas, cortes, fachadas e perspectivas artísticas do empreendimento, e também passa por adequações e revisões até a aprovação final pelo cliente.

3 - Projeto Legal: É o projeto que será apresentado aos órgãos públicos – Prefeitura, Corpo de Bombeiros entre outros, para obtenção das licenças necessárias para a construção. Ele possui basicamente as mesmas informações do anteprojeto, representadas graficamente nos padrões exigidos pelos órgãos públicos.

4 - Projeto Básico: Com o anteprojeto devidamente aprovado pelo cliente, parte-se para o desenvolvimento dos projetos que serão utilizados para execução da obra. O projeto básico é a primeira etapa destes projetos, e tem por finalidade servir de base para o orçamento da obra e consequente contratação da construtora. Para isto, ele deve ter um nível de detalhe bem maior que o anteprojeto, com plantas, cortes fachadas ampliados, principais detalhes construtivos mais memoriais descritivos complementando os desenhos.
O projeto básico é multidisciplinar, composto pelo projeto arquitetônico e pelos projetos complementares: Projetos das estruturas e das instalações, entre outros.

Todos estes projetos devem se sobrepor, pelo processo que chamamos de compatibilização, para prevenir divergências entre eles, tais como um pilar passando no meio de onde deveria haver uma janela. Pode parecer inacreditável, mas estas divergências são comuns, e demandam muito trabalho para serem eliminadas.

5 - Projeto executivo: É a evolução do projeto básico, e tem por objetivo fornecer à construtora todas as informações necessárias para a execução da obra. O projeto executivo deve ser completo e claro, pois informações faltantes ou incorretas certamente vão gerar problemas na obra. De novo, os projetos precisam ser compatibilizados entre si.

6 - Detalhamento: Como o próprio nome diz, é nesta etapa que são desenvolvidos os detalhes da construção, tais como detalhes das esquadrias, dos forros, das instalações etc. Usualmente estes detalhes são representações ampliadas dos elementos da construção, para permitir uma melhor compreensão pela construtora de como estes elementos devem ser construídos.

Ufa! Parece muita coisa! E é mesmo...

Eu costumo dizer que o projeto sempre passa por estas etapas, nem sempre na ordem correta. Até é possível inverter a ordem das etapas iniciais, como por exemplo, iniciar a aprovação nos órgãos públicos (que é demorada) antes da conclusão do anteprojeto.

Entretanto esta inversão precisa ser muito bem planejada, pois é provável que o projeto sofra modificações durante a fase de anteprojeto, e estas modificações deverão ser comunicadas de alguma forma aos órgãos públicos antes do início da obra. O ideal mesmo é seguir a ordem cronológica. O projeto costuma fica melhor, exigindo menos trabalho.

Como se pode perceber, o projeto vai evoluindo durante o desenvolvimento das etapas, e somente possui as informações necessárias para execução da obra após a conclusão do detalhamento.

Orçar a obra com o projeto incompleto pode produzir dois efeitos indesejados:

1 - A construtora pode deixar de incluir em seu orçamento elementos que serão necessários para execução da obra, e que serão cobrados depois, os famigerados custos extras.

2 - A construtora pode estimar por sua conta os custos de elementos que ainda não estão incluídos no projeto, o que pode onerar a obra ou gerar insatisfação com seu resultado final.

Concluindo, há uma máxima que diz que nenhuma obra é melhor que seu projeto, portanto é fortemente recomendável que se destine o tempo e o empenho necessários para a elaboração de um bom projeto.

 

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